quarta-feira, 9 de junho de 2010

Problemas editoriais à longo prazo.

Mais do que manter em pé um legado e um sonho, manter a Editora MS é manter conquistas. Conquistas de um Ministério que em 1995 apareceu no Jornal Nacional por manter em seus corredores pilhas e pilhas de caixas com publicações impressas sem destinatários.

Juntou os serviços editoriais prestados na casa. Organizou o processo editorial. Criou uma política.

Política que hoje é seguida por diversos órgãos públicos. Uma Política Editorial preocupada não apenas com a publicação impressa, mas com a disseminação da informação na BVS e a guarda dos arquivos.

Pensa no resgate histórico de peças publicitárias e pensa no futuro.

Transformar a Editora MS em um núcleo gestor de contratos terceirizados é ignorar todos os trabalhos desenvolvidos e todas as conquistas. Todas as experiências. Apagar um arquivo – sem microfilmá-lo.

O problema da dissolução não aparecerá a curto prazo.

As áreas produtoras rapidamente arrumarão uma maneira de fazer seus produtos. Os contratos geridos pelo núcleo editorial darão certo e cumprirão seu trabalho e os custos podem até diminuir.

Há princípio as áreas produtoras continuarão fazendo suas publicações baseadas na cultura atual da casa. Passarão seus produtos pela Editora e normalizarão as obras pensando no resgate histórico.

Ponto para a gestão atual.

O problema virá daqui há 5 ou seis anos...

Com o tempo os gestores mudam, os anos passam e aos poucos a cultura é esquecida. Facilmente as áreas notarão que não precisam de uma editora para gerar suas publicações, já que fazer gestão de um contrato qualquer um pode fazer e começará a existir uma produção paralela...

Nessa etapa o controle bibliográfico começará a falhar e daqui há 5 anos, caso venha um gestor preocupado com a produção editorial da casa, acontecerá a descoberta de que – o Ministério da Saúde não sabe o que produz e produz sem destinatários.

E daí começa tudo de novo.

Provavelmente o mundo estará tão moderno nos grandes centros que imprimir em papel será até pecado... mas não existem apenas grandes centros no Brasil e no mundo.

Pra quem estamos produzindo informações? Apenas pros grandes centros? Apenas para as pessoas que tem acesso a internet?

Parabéns pro SUS – bela maneira de garantir saúde à todos.

Saúde não é apenas médico. Saúde é informação. Prevenção só se estabelece com informação.

Nesse mundo onde vivemos cercados pela internet temos computadores que funcionam com energia gerada há manivela. Temos pessoas vivendo sem luz. Sem saneamento básico. Sem saber ler.

Há sempre em comunidades pobres a figura do contador de história que lê e repassa a informação, mas, será que ele tem twitter?

Acho que não.

Falta muito ainda para o Brasil descartar seus livros.

Voltaremos há época em que se produzia 10 milhões de exemplares de uma publicação, para fazer bonito aos dirigentes do MS, eram distribuídos mil exemplares e....

Bem, e o resto ia pro lixo.

Hoje o resto vai para os municípios, o resto vai para a rede de bibliotecas cooperadas do SUS, o resto é distribuído... Aliás, hoje a palavra resto não se enquadra mais, pois o Ministério só produz o quantitativo exato que tem endereços para destinação de acordo com seu público-alvo. Um conquista de anos de muito trabalho, pois foi preciso convencer os dirigentes dos benefícios de abrirem mão de seus egos em prol do Brasil.

É bonito editar publicações, mas hoje com a consciência ambiental é muito mais bonito evitar desperdícios.

Há muito trabalho a ser feito. Existem lacunas que não podem deixar de ser avaliadas cuidadosamente para que esse texto seja, no futuro, engraçado... apenas um desabafo de uma louca que é apaixonada demais por seu trabalho a ponto de achar, um dia, que as pessoas não teriam sensibilidade para entender sua luta.

Um comentário:

Obrigada por comentar no meu blog. É muito importante pra mim esse retorno dos leitores.

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Beijos.